Instabilidade da Dor

O que havemos de fazer quando a dor nos persegue? Quando fugimos e fugimos mas nada faz com que a dor desapareça? O que podemos fazer para remediar a situação? Que palavras podem dizer? Que expressão devemos utilizar? Que sítios devemos visitar? Quando descobrimos que a dor nunca vai desaparecer, o que podemos fazer para que a dor não seja tão forte?

Passado todo este tempo, podemos esconder-nos atrás de portas fechadas, ou atrás da cortina do palco, ou até atrás da maquilhagem que nos põem quando vamos entrar em prova. Escondemo-nos dessa tal dor atrás do personagem que nos mandaram adotar. E durante algum tempo, um mês, um ano, a dor é mascarada, mas nunca desaparecida, a dor nunca saiu realmente de dentro de nós, nós apenas enchemos as nossas agendas e desaparecemos pelo meio da confusão que se formou no centro da nossa vida. ´perdemos a noção de tudo o que é bom e puro apenas por não querermos reviver a dor, apenas por pensarmos que o que está no passado fica no passado, apenas por acharmos que a nossa vida tem que fazer algum sentido, quando na verdade não tem… na verdade, quanto mais confusos estivermos, mais facilmente vivemos, porque também a vida é confusa, também a vida revive a sua dor, dia após dia.

Reviver a dor pode até parecer um erro, mas não o é, é uma forma de luto, é como nós homenageamos aquilo que um dia tivemos, aquilo que um dia fomos, e é com esta forma de luto que aprendemos a viver com essa dor, é por causa disso que sobrevivemos até nas mais agrestes situações e é a partir dessa dor que aprendemos a sorrir, porque um sorriso onde não existe dor não vale absolutamente nada, é apenas mais uma imagem da enorme estabilidade que existe… mas um sorriso onde existe dor, é o bem mais precioso que alguma vez se conheceu, é a principal representação da força interior.

Reviver a dor é apenas um passo, um passo num longo caminho que todos os dias percorremos, um passo para um enorme poço de instabilidade pessoal, mas não faz mal, pelo menos os nossos sorrisos são verdadeiros.