As memórias que nunca criámos, as horas que nunca passámos,
os dias que nunca rimos, as noites que nunca foram, as pessoas que nunca
conhecemos, os olhos que nunca brilharam, o sorriso que nunca vimos, não me
deixam dormir.
As horas que passo à noite, às voltas, à espera que o sono
venha e me leve com ele deixam-me quase incapacitada para o dia seguinte,
quando olho para o meu despertador e vejo que já são 7h de novo, fico com uma
enorme de dor em todos os músculos, tudo contrai, tudo dói, tudo pesa…
Levanto-me, preparo as coisas para mais um dia, e nunca me
esqueço, de pôr na minha mala, as memórias que nunca criámos, é mais uma coisa
que está sempre comigo, além do meu telemóvel e do meu relógio, é mais um
acessório…
Antes de sair de casa, fecho os olhos, e lembro-me de todas
as palavras que nunca dissemos, de todos os planos que nunca delineámos, todos
os “sins” que nunca pronunciámos, quando, finalmente, abro os olhos e saio de
casa, saio de casa para só entrar à noite, quando tudo começa outra vez. Quando
as memórias que nunca criámos, as palavras que nunca dissemos, os planos que
nunca delineámos, os “sins” que nunca pronunciámos, as horas que nunca
passámos, os dias que nunca rimos, as noites que nunca foram, as pessoas que
nunca conhecemos, os olhos que nunca brilharam, o sorriso que nunca vimos, não
me deixam dormir, outra vez... As memórias que nunca criámos não me deixam
adormecer, e os sonhos que nunca aconteceram não me deixam acordar.
2 comments:
Absolutamente maravilhoso este texto!
Obrigada
Post a Comment