O meu cérebro continua a forçar em mim, lembranças de ti. Como se te não quisesse esquecer, como se não quisesse esquecer a tua casa, o teu cheiro, o teu riso, as tuas (quase) lágrimas.
A memória de ti que mais vezes me é forçada é o sofá, o sofá de tua casa. Aquele sofá onde pousava a mala, aquele sofá onde me sentava à espera que decidisses se me ias pegar ao colo ou se me ias obrigar a levantar, aquele sofá onde, pela primeira vez, soube que te amava, porque, pela primeira vez, me disseste que gostavas de mim por eu ser diferente, por eu ser frágil e forte, ao mesmo tempo. Aquele sofá que tantas vezes recordo como sendo o sítio onde, pela primeira vez, senti que me conhecias, onde, pela primeira vez, senti que era especial, diferente!
Diferente era também o cheiro que pairava na tua casa. Essa tua casa que eu relembro, detalhe a detalhe, cada vez que pego naquele gancho que parti a caminho desse quarto andar, cada vez que pego na minha mala que ainda hoje cheira a ti, cada vez que vejo uma bola de basket, essa tua casa, que me viu ganhar coragem, felicidade e um sorriso, conhece nenhuma fronteira em mim.
Enquanto escrevo, estão-me a vir à memória todas as outras vezes que escrevi para ti, todas as vezes que me leste e disseste que adoravas… vem-me, constantemente, à memória aquela infernal dor de cabeça que tive, e que ainda tenho, porque afinal não era uma dor de cabeça, porque afinal esta suposta dor de cabeça não desaparece, porque afinal ainda não estás feliz.
Penso e repenso naquilo que dissemos, naquilo que fizemos, naquilo que passámos, e não carrego arrependimento algum, espero que o sentimento seja recíproco, mas nestas rotundas de pensamento que percorro, pergunto-me se alguma vez fui especial, se alguma vez tiveste aquela dor de cabeça que me persegue… e depois de me questionar, paro por um momento e tudo é claro, tudo é preto no branco e nenhuma das respostas é sim. Então, coberta de lágrimas, pergunto-me se aqueles meses da minha vida foram uma perda de tempo, foram uma mentira, pergunto-me se te partilhaste com mais alguém… após deliberação, concluo que sim, concluo que nunca tencionaste dar mais de ti do que deste e que nunca decidimos ser exclusivos.
O meu cérebro continua a forçar em mim, lembranças de ti, e eu quase resisto, mas não consigo… como posso resistir se aquilo que o meu cérebro teima em relembrar são alguns dos mais maravilhosos momentos que alguma vez passei?
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