Talvez

Talvez um dia tudo volte.
Com o passar dos anos, talvez tudo volte ao seu sítio mais original. Talvez os nossos maiores desejos se concretizem. Talvez. 
No pior dia das nossas vidas, talvez tudo volte a ser como antes, simples. Talvez este dia que agora está no seu maior esplendor, morra. E tudo volte. Talvez. 
Talvez tudo isso. Mas talvez nada disso. 
O dia não morre, apenas passa. As flores não murcham, apenas descansam. Os animais não hibernam, apenas dormitam. 
No maior silêncio da vida, nós respiramos, e tudo fica igual. No maior desassossego da morte, nós choramos e tudo fica igual. 
O tempo não volta a atrás. Não é uma questão de talvez, apenas não volta. O que lá vai, lá vai. O que cá fica, cá fica.
Na penumbra das nossas maiores esperanças, tudo parece brilhantes, tudo parece novo, tudo parece mudar.
Na realidade das nossas maiores felicidades, nada está vivo, nada está novo, tudo está igual.
Nada é uma questão de talvez, tudo é uma questão de talvez não.