Trazia vestido apenas o seu sobretudo de
solidão. Vagueava pelas
ruas, ruas que um dia tinham sido grandes árvores na floresta da sua vida e de
que agora apenas restavam as raízes. Sentia-se melancólica, por tudo o que
tinha passado, mas seguiu em frente com a sua viagem. Finalmente chegou a um sítio
que não conhecia, os seus pés pensavam que tinham caminhado este mundo e o
outro, quando na realidade tinham apenas andado durante algumas horas. Lá
longe, avistou um homem. E à velocidade com que ele se ia aproximando ela ia
reparando mais e mais nele. Nunca tinha visto um homem tão bonito. Os seus
cabelos negros e os seus olhos azuis encantaram-na imediatamente. Fechou os
olhos e disse para ela própria que ele era pecado, era carne proibida. Seguiu em frente.
Embora acreditasse
piamente em Deus e no que a Bíblia escrevia, deixou que o tal estranho
continuasse a vaguear pelas ruas da sua mente. Ela estava sozinha, ele estava
sozinho, por alguma razão ela sentiu uma ligação forte. Talvez a mais forte que
alguma vez tinha experimentado. Enquanto caminhava
em direcção ao horizonte, imaginava o homem consigo. Isto nunca lhe tinha
acontecido, por essa razão parou, ajoelhou-se e foi o resto do caminho a rezar,
nunca deixando de imaginar o homem a abraçá-la. Pedia a Deus para lhe limpar a
alma de pensamentos tão sujos e pecadores. Orava a Deus as mesmas orações,
repetidamente. Olhava constantemente para o céu azul-escuro. Já era de noite,
ela tinha andado o dia todo, pois tinha saído de casa em busca da sua fé, logo
na alvorada.
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