Sonhei, sonhei e para quê? Tudo aquilo que sonhei ter, não
tenho. Tudo aquilo que sonhei ser, não sou. Tudo aquilo que sonhei passar
contigo, não passei.
Os anos passam, o tempo esgota-se e tudo continua igual. Não
há palavras para descrever este sentimento de permanência espacial. Parece que
nós parámos, mas o tempo continua a passar. Parece que nós não nos mexemos, mas
o tempo continua a acabar.
Tudo à nossa volta bloqueou, eu bloqueei. Aquilo que queria
fazer já não tenho tempo para concretizar, aquilo que queria dizer já não tenho
tempo para pronunciar, aquilo que queria ser já não tenho tempo para demonstrar.
Tudo passou mas nada mudou, e só quando acordar deste
pesadelo que é a vida, irei finalmente compreender que mesmo não mudando nada,
tudo mudou.
Tudo mudou de posição, tudo mudou de cor, tudo mudou de
lugar. Até o teu sorriso mudou. Esse teu sorriso que era a coisa mais perfeita
do mundo, até isso mudou, com o passar do tempo, eu apenas não compreendi.
Visualmente nada muda, mas fisicamente muda tudo e este
sentimento de permanência espacial, passa a ser apenas um sentimento de
permanência, permanência insustentável…
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