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I love music, theatre, photography, figure skating, life, peace, New York, british accent, 'The Lord of the Rings', ice-cream, cupcakes, summer, sea, snow, Jesse Tyler Ferguson, Neil Patrick Harris, Jamie Bamber, Matthew Rhys and CHOCOLATE. That's pretty much me.

26 June 2012

Exames - I


Quando somos apenas protótipos de pessoas, vagueamos por entre os adultos à espera que algo nos chame à atenção, ou que nós chamemos alguém à atenção. Mas, quando passamos de protótipos a mini pessoas, ou seja, quando estamos na adolescência, tudo parece insuportável, tudo se parece com o fim do mundo. E quanto mais o calendário avança em direção aos exames, que são as duas horas mais importantes da nossa vida, nós com os meros 16 anos, começamos a entrar em pânico.
Na última semana de aulas, entramos em descontração total, escolhemos tirar esta semana de férias, depois dos testes e da entrega dos trabalhos e antes dos exames. Mas, naquele que é o ponto de viragem entre a última semana de aulas e a semana antes do exame, começamos a sentir o sangue a bombear mais depressa, já a preparar-se para a grande quantidade de oxigénio que os nossos simples e confusos cérebros marinados em hormonas vão precisar.
 As horas começam a passar mais rapidamente, o estudo começa a ficar mais intenso e aquela meia hora que tínhamos programado para lanchar vai ter que ficar para depois dos exames, porque estamos a ficar atrasados na matéria. Chega então a primeira aula de preparação para o exame. Entramos na sala, em amena cavaqueira, porque afinal já não estávamos com aquelas pessoas em alguns dias, sentamo-nos, e voltamos a concentrarmo-nos no nosso estudo. As dúvidas correm como a água dos rios; as perguntas repetidas são a música de fundo; as aparas das borrachas caem no chão e deixam-no branco. Já não nos estamos a rir, finalmente apercebemo-nos que os exames vão ser mais difíceis do que esperaríamos e que não estamos preparados psicologicamente.
Saímos da sala abatidos, sugaram-nos a felicidade, a prontidão a fazer o exame que antes tínhamos, perdemo-la por completo, por que se antes nos estávamos a atrasar no estudo, agora sentimo-nos burros, inúteis e perguntamo-nos vezes sem conta como é que eu vou sair deste imbróglio? Respiramos fundo, contamos até três e começamos a ouvir as outras turmas a saírem da sua sala, encontramos alguém que conhecemos e vamos para eles, a tentar fugir daquele círculo de melancolia. Conversamos durante alguns minutos, mas depois toca na nossa mente aquele alarme, são horas de ir estudar. Fazemos as despedidas e dirigimo-nos para casa.
Tiramos os livros das mochilas, pegamos nas bolsas e nas calculadoras e tentamos estudar. Tentamos fazer com que aquilo faça sentido, mas no nosso cérebro soam, num tom irritantes, as palavras: não sabes, não percebes, vais chumbar! É então que fechamos os olhos, respiramos uma e outra vez e sem percebermos aquilo que acabámos de fazer, entramos no GAVE e começamos a ler os critérios de correção, tentamos resolver exames de anos anteriores, nada resulta. Nesta altura, já estamos extremamente stressados, já perdemos toda a vontade que alguma vez tivemos de estudar, já nos sentimos chumbados, uma semana antes de fazer o exame. Começamos a recapitular tudo aquilo que precisamos de saber, todos os exercícios que temos que fazer, todas as horas de estudo que perdemos a dormir, o tempo que não temos porque estamos a comer, a tomar banho, a caminho da escola e da biblioteca… perdemos a noção da realidade, estamos plenamente descontrolados, e ninguém nos consegue controlar, porque ninguém está em casa e ninguém sabe do nosso pavor a provas nacionais que tomam decisões por nós. 

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