Pesadelos

Deita-te, fecha os olhos, pensa no que te faz feliz e adormece. Recosta-te, recosta-te na pureza dos teus sentimentos e deixa-te levar pela ingenuidade do sono. O sono traz o sonho, o sonho traz o desejo, o desejo traz a obsessão, a obsessão traz infelicidade e a infelicidade traz pesadelos. No silêncio da noite, nem só as panteras atacam, também os pesadelos nos transportam para uma outra dimensão da nossa psique, também os pesadelos nos atacam, mas estes, estes são mais subtis, estes enraízam-se em nós e maltratam-nos como se fossemos seus prisioneiros. E somos, somos tanto seus prisioneiros como prisioneiros da nossa mente.

Na escuridão da noite, os pesadelos alojam-se na nossa mente, e para lá ficam, como se de umas roupas velhas nos armários estivéssemos a falar. Na escuridão da noite, tudo pode acontecer, até mesmo termos um sonho que afinal, se transforma num pesadelo. Na escuridão da noite, até o mais bonito dos príncipes pode ser confundido pelo mais feio dos sapos.

Todos os pesadelos se fixam e fortificam no nosso cérebro, tal como as palavras mais negativas daqueles que mais amamos, tal como o acto mais frio daquela que pensávamos ser a pessoa mais quente, tal como o momento mais triste da nossa vida se fixa e fortifica nos nossos cérebros.

É uma guerra eterna, aquela entre os bons e os maus, os que ajudam e os que discriminam, os elogios e as repreensões, entre os sonhos e os pesadelos.