Sozinha, à noite. Deitada na sua cama, passam-lhe pelo pensamento coisas terríveis. Pesadelos que vulgarmente se vivem apenas em sonhos, convertem-se agora na sua realidade, tornando-a mais aterrorizada do que alguma vez estivera, tornando-a fraca. Fazendo com que a sua vida se resumisse ao medo. Medo de quê? Medo de quem?
Ela, sem saber o que era, quem era, ficou apavorada. Não saia de casa. Não regava o jardim. Não ia comprar comida. Não ia para o emprego. Ela enjaulou-se na sua própria casa. Ficou prisioneira do medo. Prisioneira de si.
Quando finalmente se apercebeu daquilo que estava a fazer a si própria. Daquilo que sofria por ter medo, cometeu o maior erro da sua vida. Deixou de ter medo. Deixou de estar alerta. Deixou de pensar que havia pessoas que apenas usavam o lado negro da sua mente. E assim que saiu da sua porta para fora, passou a confiar em todas as pessoas por quem passava, o que fez dela um alvo fácil para aqueles que só usam o lado negro da mente, que assim que constataram que ela achava que todos eram bons, fizeram o papel de bons amigos. Amigos que tinham passado pelo mesmo que ela. E um mês após ela ter posto os seus delicados pés fora de casa, exactamente um mês depois, foi encontrada morta. Encontrada morta à porta de sua casa, com a cabeça nos degraus e os pés a tocar na porta, com um bilhete acorrentado ao seu pescoço. Um bilhete que dizia:
Não ter medo acaba por ser um defeito,
enquanto ter medo é uma virtude.
Ninguém sabe. Ninguém entende. Mas a incerteza que o Homem está programado a sentir algures durante a sua vida é demonstrada quando este enfrenta os seus maiores medos. Os seus maiores inimigos. Mas e quando não os enfrenta? Será que sente a tal incerteza? Será que fica com medo? E quando os enfrenta sem sabendo o que são? Será que tem medo? Será que mesmo se o Homem não souber que aquele ou aquilo é seu o maior medo ou inimigo, terá medo dele ou daquilo? Ou ficará mais forte, e fará o papel de herói?
10.08.2011
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