Odeio que isto seja uma possibilidade. Odeio que mal tu te
vejas livre, eu sinta esta força imensa para me englobar a ti. Odeio sentir-te
cada vez mais perto, quando estás tão longe.
Não gosto de me sentir presa a nada, a ninguém; mas tu com o
teu olhar malandro, o teu paleio desconcertante e o teu sorriso encantador, dão
cabo de mim. Sou insana por proximidade, nem que seja proximidade de corações. Isto
não é saudável, nada disto o é, tu não és saudável para mim, mas fazes-me tão
bem. Contigo sou livre de mim mesma, e presa a ti. Não me preocupo em ser quem
não sou, conheces-me demasiado bem. Contigo, sou uma só, uma inteira. Não me
fragmento, não me duplico.
Este tango que dançamos há já anos deixa-me irrequieta,
porque eu sei, eu sei que sempre que falamos ficas com a pulga atrás da orelha,
ficamos os dois. Ficamos os dois à espera que o outro faça ou diga alguma
coisa, e nunca ninguém diz. E nunca ninguém faz. Assim vivemos, durante anos, e
assim viveremos até ao dia em que isto acabe de vez.
Não sei o porquê de estares livre, de estares finalmente
sozinho. Alguma coisa aconteceu, e tu não me dizes o quê, não queres dizer. Não
tens de dizer. Afinal, não me és nada. Só sei que estar livre é um estado de
espírito, estar livre é uma escolha que se faz. E tu não o estás, tu não és
livre de mim. Tal como eu não sou livre de ti. Somos os dois, dependentes um do
outro. E é isso que tu me és. És a minha dependência. És o meu vício.
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