Lembro-me de nós

(ups! nunca um "nós" existiu)


Já nada somos. Aliás, nada fomos, mas agora, passado este tempo, estive a rever-nos. Estive a lembrar tudo aquilo que me disseste, tudo aquilo que prometeste... estive a lembrar os nossos momentos únicos, em que nada dizíamos, em que estávamos sentados no teu sofá, ou na tua cama e tu passavas as tuas mãos pelo meu rosto, sorrias e me davas um beijo que me congelava. Estive a relembrar-me de todas as vezes em que pegaste na minha mão, e olhávamos um para o outro.
Lembrei-me de uma vez em que me obrigaste a andar para a frente e para trás, antes de ir ter contigo, e daquela vez em que me fizeste esperar uma hora e meia por ti, e daquele momento antes de sair de tua casa, em que tu me perguntavas, achas que estou mal? e de quando me mordias durante um beijo, e das tuas mãos a percorrem-me, enquanto me beijavas com tanta paixão. 
Perdi a conta às vezes que me fizeste sorrir, às que me fizeste chorar, essas sei-as de cor. Perdi a conta a todos os beijos que me deste... 
Agora, fazes questão em ignorar-me, tiras prazer em ver-me revoltada, gostas de me ver triste.. Não me dizes nada, nem sequer sorris para mim, mas depois olhas-me com o mesmo olhar com que antes me pedias um beijo, olhas-me com o mesmo olhar com que antes me davas as mãos, olhas-me com o mesmo olhar com que antes me dizias hum, até que gosto um bocadinho de ti, princesa.
E eu pergunto-me, como antes me perguntava, o que será que estás a pensar? O que será que sentes? O que será que queres? Porque tanto entras na brincadeira comigo, como me ignoras quase friamente...