De um momento para o outro deixei de ver pessoas, e passei a
ver cordas. Cordas no chão. Cordas nas cadeiras. Cordas a conduzir. Cordas a
comer. À minha volta só vejo cordas. E de repente há nós. Nós mais em cima, nós
mais em baixo, nós mais complexos, nós mais simples. Há nós nas cordas.
Começo a sentir um nó na barriga de ver tantos nós à minha
volta. Tantas cordas e tantos nós. Tantas pessoas e tantos erros. Começo a
ficar nauseada com as voltas que os nós dão nas cordas. As cordas ficam com
mais e mais nós, com mais e mais voltas. E uma grande corda, fica pequena, minúscula,
de tantos nós. Depois de tantos nós, não há nada a fazer, apenas continuar a
ser corda com nós.
Fiquei com um nó na garganta. Cheguei perto de uma corda com
muitos nós e perguntei-lhe porque é que tinha muitos nós e a corda virou-se e
disse-me que tinha muitos nós, porque tinha dado muitos nós na corda da vida, a
única sem inicio e sem fim, e que estava prestes a dar o ultimo. Então a corda
pegou e deu o nó final. O nó final na corda da vida.
No comments:
Post a Comment